Nota sobre a eutanásia

26 Mai, 2018

Não se elimina o sofrimento, eliminando-se a vida,
como não se elimina a pobreza, eliminando-se a vida dos pobres

A Federação SolicitudeFederação dos Centros Sociais e Paroquiais e Outras Entidades Canónicas de Acção Sócio-Caritativa, Formação, Ensino e Saúde, pela dignidade da vida e pelo respeito do sofrimento, quer da pessoa que padece, quer da família e amigos mais próximos, quer ainda da comunidade envolvente, manifesta a total discordância e reprovação pela legalização da eutanásia e suicídio assistido. As Instituições Sociais e Caritativas e da Saúde Católicas não podem deixar passar este momento sem se manifestarem a favor da vida.

A apologia da eutanásia, ou do suicídio assistido, assenta, essencialmente no argumento do direito a uma vida digna, dignidade essa que termina quando inexiste qualidade decorrente de sofrimento ou dor manifestamente insuportáveis. A morte é, então, apresentada como solução imediata e disponível, desde que haja essa manifestação de vontade, de forma livre e consciente.

Ora, é nosso entendimento que a demagogia e facilitismo inerentes a estes argumentos representam, de facto, um enorme retrocesso civilizacional, porquanto:

  • Toda a vida humana é digna por si só, independentemente da condição vivida no momento;
  • A dignidade da vida humana, válida por si só, não pode ser confundida com qualidade de vida, saúde ou condição;
  • A morte não pode ser uma solução para a resolução da perda da qualidade de vida, saúde, dor ou sofrimento. Constitui dever de toda a sociedade, famílias e profissionais a promoção de soluções diferentes da morte;
  • O sofrimento, físico ou psicológico, inquina a liberdade, consciência e autonomia da vontade;
  • Não obstante a manifestação de vontade daquele que sofre, os projectos de lei apresentados deixam sempre à validação dos médicos a aferição da legitimidade dessa vontade.

As Instituições Sociais e Caritativas e da Saúde Católicas têm um vasto trabalho, de longos anos, junto daqueles que mais sofrem compreendendo, por isso, o sofrimento humano e permanecendo lado a lado quer de quem padece, quer das famílias que acompanham.

A vida é um todo do ser humano que merece ser vivida na sua plenitude e respeitada integralmente, onde a doença, o sofrimento e a morte merecem o maior respeito, empenho e dedicação da sociedade tanto no apoio paliativo na doença como na elevação da dignidade da pessoa que passa por estes momentos.

O sentido da vida, onde a interrogação da sua origem e do seu destino estão permanentemente presentes no ser humano, desde a sua concepção ao seu desaparecimento físico, deve ser apoiado, reflectido, estimulado e acarinhado, numa correspondência de proximidade e intimidade relacional entre a pessoa que sofre e o cuidador, quer seja na assistência médica na saúde, no apoio socio-psicológico e no acompanhamento e orientação espiritual.

As Instituições Caritativas, Sociais e da Saúde Católicas estão e estarão, como sempre estiveram, disponíveis e empenhadas na defesa destes princípios e valores através dos seus melhores serviços, na vontade em manifestar coerência nos cuidados que prestam, atendendo às particularidades de cada um, em especial dos que mais necessitam e mais sofrem.

Queremos tomar parte e ajudar na busca de novas soluções, de caminhos que promovam a dignidade de cada pessoa e o sentido da sua vida.

Federação Solicitude, 26 de Maio de 2018